domingo, 20 de julho de 2008

Alentejo que tanto gosto!



"Brados de um Ser"


Sou filho de um berço...
Que é feito de palha, e cheira a verdura...

Sou fruto de um Maio...
Coberto de flores, chorando a censura...

Sou eterno gaiato...
Que brinca nos campos, a brincar com nada...

Sou força de um tempo...
Que um dia sorriu, e se fez alvorada...

Sou sonho que emerge...
Por entre o restolho, e se esvai no pousio...

Sou conto sem fadas...
Que avança no tempo, que não se contou...

Sou grito da alma...
Que brada no céu, e cai no vazio...

Sou Poeta que avança...
Por entre o destino, sem saber quem Sou!...

"Borba"


Neste altar descontraído,
Oiço Borba a respirar...
Como um tal sexto sentido
Na ternura do meu lar...
I
Alentejo és caprichoso
De fato longo e matizado...
És primor do teu passado,
Com isso sou orgulhoso...
Teu encanto é vigoroso,
É cantado e é vivido...
Um prazer que é consentido
No pulsar do pensamento...
Como cor do meu alento
Neste altar descontraído
II
Terras... montes e vinhedos,
E velhinhos olivais...
Está plantada em brandos vais,
Entre os bravos arvoredos...
Estendida entre penedos
Que se vendem por bem estar...
No calor do seu pulsar
Levo a luz do meu consolo...
E no leito do seu colo
Oiço Borba a respirar...
III
Os seus braços são bondade,
E seus olhos de menina...
Diz a História a sua sina
E a fonte identidade...
Seu pensar, meiga saudade
No seu peito enaltecido...
Tem no dorso descaído
A razão do seu império...
Que se enfeita de mistério
Como um tal sexto sentido...
IV
Veste as hortas da ribeira
Num colar alvo e castiço...
Demonstrado no seu viço
E na face mais trigueira...
A viver desta maneira,
Mostra o dom do seu pensar...
Com o vinho a germinar
Pelas veias desta gente...
É como um lindo presente
Na ternura do meu lar...

"Carimbo negro"

Criança que és bela,
Sem nome nem raça...
És um ser que passa
Nesta vida singela...
I
Beldade inocente,
O sofrimento a consome...
Sem rumo, com fome
Na sociedade doente...
Dizem que és gente
Sem norte nem estrela...
Esta criança é aquela
Que não tem futuro...
Mergulhada no escuro,
Criança que és bela...
II
Tão terna, tão pura,
Tão cheia de vida...
De cabeça erguida
Derrama frescura...
Segue esta aventura,
Cresce na morraça...
Na rua e na praça,
À chuva e ao frio...
É só um vadio
Sem nome nem raça...
III
Não sabe brincar,
Tem outro juízo...
Falta-lhe o sorriso
Para se alegrar...
Já farto do azar
Que sempre o abraça...
É gente sem graça
Que é ignorada...
Consciência pesada,
És um ser que passa...
IV
Passa pelo mundo
Que é tão desigual...
Ou é marginal,
Ou é vagabundo...
É sempre segundo,
Eterna mazela...
Chora na viela
Pelo que não tem...
É sempre ninguém
Nesta vida singela...

António Prates
(In Sesta Grande)

Esta pequena homenagem é dedicada ao meu amigo António, um grande poeta, que o Alentejo viu nascer. Tenho imensos poemas dele, apesar de gostar de todos, escolhi estes três. Um grande beijinho de amizade para ele e o desejo de muitas felicidades extensível a toda a sua família.














António Prates, nasceu em Borba e apresentou o seu livro “Sesta Grande” em 2006, editado no final do ano anterior, com o apoio da Câmara Municipal de Borba, e reúne mais de cinquenta poemas dedicados a temas como Borba, a mulher, os amigos, a natureza, a guerra, o amor, entre tantos outros mais.




A seguir publico algumas fotos (Monsaraz e Castelo de Vide) cedidas pelo meu amigo Mané que também gosta do Alentejo e esteve lá há pouco tempo e de quem recebi o seguinte e-mail (parece que estava a adivinhar que precisava de ilustrar este espaço dedicado ao Alentejo de que gosto tanto!):


Olá!
Chegamos ontem de uma viagem curtinha ao Alentejo. Como não podia deixar de ser, muitas fotos foram tiradas. Aqui te deixo uma ou duas para o teu blog, se achares que são merecedoras de figurar nele. Beijinhos

(Quero referir aqui que já fui muito feliz no Alentejo, como diz o Malato!)




quarta-feira, 16 de julho de 2008

Tenho que entrar aqui todos os dias...

Aos Domingos não (é o único dia), lol.

Estas imagens são para aqueles meus amigos curiosos que já me perguntaram onde fica, em que prédio é, aonde estão as MENINAS...

Pois é meus queridos fica na Avª. Dr. Lourenço Peixinho, nº. 207, bem perto da estação dos comboios. (e-mai: golfitaveiro_standa@hotmail.com)

(Agradeço a Gofit ter-me cedido estas lindas imagens)






segunda-feira, 14 de julho de 2008

Costa Nova do Prado

A Costa Nova do Prado é uma praia da cidade de Ílhavo, Distrito de Aveiro.
Em Ílhavo nasceu Mário Castrim que além de jornalista foi também escritor. A seguir ao seu poema "Aquele Palheiro", refiro um resumo muito sucinto da sua biografia.






Aquele Palheiro


Aquele palheiro
às riscas verticais
que aparece em todos
os bilhetes postais
da Costa Nova
era o nosso palheiro.

O vento entrava por todas as frinchas
e os passos
e as vozes
e o mar
era tudo tão próximo tudo tão em família.

Quele palheiro
do bilhete-postal
da Costa Nova

(Mário Castrim)

Admiro este poema, pela sua simplicidade, mas muito real. Há muitos anos, quando eu era criança, os palheiros da Costa Nova não eram revestidos em alvenaria de tijolo, no seu interior, como são hoje, deixando passar o ar (frio, vento, calor), o som, etc.

Muitos pescadores viviam com as suas famílias nesses palheiros e andavam descalços.


Mário Castrim (pseudónimo de Manuel Nunes da Fonseca) nasceu em Ílhavo, em 1920, e morreu em Lisboa, em Outubro de 2002.
Professor, escritor e jornalista, fez crítica de televisão diária, desde 1965, no Diário de Lisboa. Depois do encerramento deste jornal, em 1990, passou a assinar a crítica de televisão no semanário Tal & Qual.
Em 1963 criou, com Augusto da Costa Dias, o Diário de Lisboa – Juvenil, que sempre considerou a sua obra mais importante.
Escreveu ainda vários livros infantis e juvenis.
Está representado em diversas antologias, nomeadamente, "Um Homem na Cidade", de 1968, que reuniu crónicas de dez jornalistas do Diário de Lisboa.
etc. etc.

Haveria muito mais a dizer deste homem simples, mas de grande valor, também porque lutou pela liberdade, como se costuma dizer "não tinha papas na língua" .

Esta é a minha humilde homenagem a Mário Castrim, porque gostava da sua forma de escrever e não perdia as crónicas que publicava no jornal.

Antigamente a Ria de Aveiro (Canal de Mira) existia nesta zona ajardinada. Depois das dragagens a Ria ficou muito afastada.
Nesta foto dá para imaginar onde existia a Ria. Era a partir do local onde foram plantadas estas palmeiras.
Esta bela casinha às riscas é uma das minhas preferidas. O proprietário foi muito simpático comigo até me deixou fotografar uma das janelas, tendo-me aberto o portão, quando viu que eu estava com dificuldade em fazer a imagem. lol
Esta das riscas amarelas, realça muito no meio das outras, de cores mais fortes.

Este papagaio estava a apanhar Sol. Meti-me com ele, mas não me ligou, lol

A marina do Clube de Vela Costa Nova.


Esta casinha tem um beiral muito rendilhado, e bonito.


A minha janela preferida, com as petúnias e as sardinheiras de várias cores.


Estas casinhas são do Clube de Vela.


O imenso mar que adoro. Neste dia apesar da bandeira amarela, deu para me molhar, lol

O video a seguir é dedicado aos meus "piminhos" lindos David e Micael, por quem tenho grande amizade e porque ambos praticam surf há muitos anos.

Antes do início da época balnear o Micael obteve a certificação de nadador-salvador, estando já a exercer, seguindo o exemplo do David que durante muitas épocas balneares vigiou e efectuou muitos salvamentos, na Barra, a praia mais a norte da Costa Nova, em situações bastante arriscadas, e que foram tema de notícia.

Aproveito para desejar muito boa sorte ao Micael e enviar para ambos dois beijinhos grandes.



domingo, 6 de julho de 2008

As barreiras...


As barreiras... intransponíveis?

Há momentos na nossa vida que nos deparamos com elas. Com essas barreiras que pensamos inultrapassáveis.

Por vezes esses momentos são difíceis, até pensamos que serão impossíveis de transpor.
Depois descobrimos que não, porque a força de viver supera quaisquer obstáculos.

Somos mortais como é óbvio, mas enquanto há vida há esperança.


Quero agradecer ao Mané ter-me cedido aquela lindíssima foto, tirada por ele, e fazer-me pensar neste tema.
Um beijinho de amizade,
Ana

Saudades...


















Quando o vejo chegar,
O meu coração pula de alegria.
Ele me faz conquistar cada dia,
Para o poder abraçar.


Quando crescer pode ver
Este cantinho que é dele.
E sei que o vai manter,
Porque o fiz a pensar nele!...

O vídeo que ele gosta:


Poema de Fernando Pessoa:

FADA DAS CRIANÇAS

Do seu longínquo reino cor-de-rosa,
Voando pela noite silenciosa,
A fada das crianças vem, luzindo.
Papoulas a coroam, e, cobrindo
Seu corpo todo, a tornam misteriosa.

À criança que dorme chega leve,
E, pondo-lhe na fronte a mão de neve,
Os seus cabelos de ouro acaricia –
E sonhos lindos, como ninguém teve,
A sentir a criança principia.



E todos os brinquedos se transformam
Em coisas vivas, e um cortejo formam:
Cavalos e soldados e bonecas,
Ursos e pretos, que vêm, vão e tornam,
E palhaços que tocam em rabecas…

E há figuras pequenas e engraçadas
Que brincam e dão saltos e passadas…
Mas vem o dia, e, leve e graciosa,
Pé ante pé, volta a melhor das fadas
Ao seu longínquo reino cor-de-rosa.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Amor, alegria...


ROSAS VERMELHAS

Tenho por rosas vermelhas
uma longa e terna paixão,
fazem-me lembrar centelhas,
em noites de escuridão.

São bonitas, espampanantes,
chamativas, perfumadas,
lembrando belas amantes
p'ra noites de amor esperadas.

Quando as vejo em profusão
sobre os muros assomadas
sinto no meu coração
acelerar as pancadas.

Meus olhos prendem-se a elas
e elas lindas sensuais
tornam-se ainda mais belas,
para nos prenderem mais.

Fernanda



Alegria
Alegria é o cântico das horas em que o Senhor te afaga a passagem no mundo.



Em toda parte, desabrocham flores por sorrisos da natureza e o vento penteia a cabeleira do campo com música de ninar.



A água da fonte é carinho liquefeito no coração da terra e o próprio grão de areia, inundado de sol, é mensagem de alegria a falar-te do chão.
Não permitas, assim, que a tua dificuldade se faça tristeza entorpecendo nos outros.



Ainda mesmo que tudo pareça conspirar contra a felicidade que esperas, ergue os olhos para a face risonha da vida que te rodeia e alimenta a alegria por onde passes.
Abençoa e auxilia sempre, mesmo por entre lágrimas.



A rosa oferece perfume sobre a garra do espinho e a alvorada aguarda, generosa, que a noite cesse para renovar-se diariamente, em festa de amor e luz.

(Meimei)